domingo, 4 de agosto de 2013

Melancolia


Andava, corria, perambulava... Ou melhor, se encontrava... Entre destroços. Olhava para os lados, nada via. A destruição aparente de seu mundo estava clara diante de seus olhos... O silêncio estremecedor que gemia, o uivo do vento gélido que batia em seu rosto mórbido. Um rosto cheio de cicatrizes encobertas pela maquiagem nova, comprada com o último centavo que lhe restava... Essas cicatrizes vindas de passados mal lembrados. Uma vida cheia de desventuras, inoportuna. Andava de pés descalços com as mãos vazias. Um olhar vazio e um coração ameno. Sentia cada vez mais seu coração palpitar mais devagar. Algo não ia bem, sabia.
Suas mãos estavam geladas como sempre. Seu rosto, pintado de máscaras que usava nos dias rotineiros. Ansiava algo que não sabia sua face. Ouvia vozes que jamais chegaram a quebrar o silêncio que ali se encontrava. Sentia toques... Toques que arrepiava seu corpo. Toques sutis e delicados, sentia um beijo doce... Sentia tudo. E tudo que se era visto por olhos carnais era um simples vendaval. Fechava os olhos e se sentia segura de si mesmo. Encontrava algo dentro de si. Encontrava um refúgio há muito tempo procurado. Encontrava ali seu interior, algo que não sabia definir. Sua paz... Não acreditava nas besteiras de paz interior, religiões e carmas. Não acreditava em quase nada. Acreditava em si, mas somente em certas ocasiões.
A maresia que lhe envolvia a levava fechar seus olhos, procurar este gosto salgado e tranquilo. Os destroços em sua volta mal pareciam lhe importar. O uivo assombrador da brisa cortante que ali passava. A cena era assombrosa.
Um sorriso triste, um sorriso desleal a si mesma. Não permitia-se sorrir por coisas mundanas. Queria-lhe para si. E neste exato momento, decidiu-se a parar de procurar um sorriso. Decidiu-se a viver sem procuras. O tanto que procurara a levara a este lugar. A esta escravidão de suas próprias respostas. "Chega de perguntas, chega de amarguras." pensara.
Foi então que num lapso de meio segundo um pequeno sorriso apareceu... Mal percebera, mas acabara de sentir um toque. E seus olhos se abriram numa cama bonita, um teto pintado com pequenas poesias. E enfim a voz que ouvira a chamou pelo nome. E por fim, sentiu um beijo doce.
Marcus James

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