quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Elena


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Ela dançava. Dançava em cima de um viaduto. Dançava na ponta dos pés. Dançava sem medo. E quanto dançava olhava além. Além de qualquer olhar... Além de qualquer brilho perdido. Além de simples palavras... Dançava dizendo: 
"Volta. 
Me esquece. 
Me chama. 
Quero ir com você... 
Me toca. 
Me chama. 
Me leve. 
Olha pra cá. 
Vem, diga meu nome. 
Quando você me toca... 
Me derreto. 
Vai, me leva." 
Dançava de uma maneira... surreal. 
Me tocava. 
Num viaduto barulhento. Fazia tudo ensurdecer. O único som... era o ar vindo de encontro com seu corpo... Era a paixão desesperada pela vida. Era seu suor escorrendo. Era seu olhar... Olhava para mim. 
Me tocava com a mão no rosto. Dançava. Suas mãos desenhavam um caminho em meu rosto... Fechava meus olhos. 
Elena. 
Seu olhar perdido e desconhecido. Até para si mesma... Não queria ser encontrado. 
Elena. 
Me tocava. Me seduzia com toques em meu rosto... 
Vai, Elena. Me chama.
Seus gestos imperceptíveis... Suas feições sinceras. Seus medos tão visíveis. Tua sedução. 
Tocava, dançava, dizia: me leva. 
Seu olhar perdido. 
Quando encontrou já era tarde. A luz fugiu. Fugiu para além. Além de tudo. Ela dançava. 
Num viaduto... Me tocava.
Marcus James
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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Uma noite de verão


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Entre, apague a luz. Venha, deite ao meu lado, conte como foi seu dia, desconte a raiva em mim. Quero ouvir sua voz, quero sentir teu corpo e saber que está olhando para mim. Se quiser, grite. Estarei ouvindo cada palavra tua. Me deixe louco. E depois com um modo louco de me seduzir, me faça perder o controle. Fique quieta, não pense. Quero-a toda para mim. Hoje serei seu escravo mais fiel, seu amante apaixonado. Faça de mim o que bem entender, hoje não estou mais preocupado com o amanhã, só quero te sentir. Seu corpo quente colado ao meu pelo suor frio me deixa em paz. E no escuro do meu quarto quero ser seu. Quero ter seu último sorriso, quero ter seu último beijo. Por favor, eu te peço, não se esconda de mim meu bem. Deite ao meu lado, conte como foi seu dia. Deixe-me com ciúmes e me beije dando risadas. Descanse a cabeça em meu peito, peça cafuné. Fale pela última vez como é bom dormir assim. Feche os olhos querida, sonhe comigo. Durma em meus braços.
O dia nascerá nublado, flores... Velas... E eu ainda estarei dormindo.
Marcus James
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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Viver... mais


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Sefrem
E de repente, a tempestade se tornou uma leve brisa, as ondas violentas um doce som do mar ao encontro da areia da praia, os trovões em cantos de pássaros... Tudo mudou, e continuo no mesmo lugar. Sentado na beira do mar, num cais qualquer, esperando qualquer navio ou canoa vir me buscar. Preciso sair daqui, preciso velejar e ver o mar me atacar com diferentes visões. Preciso mudar o mundo, o meu. Longe de casa estarei, e nada mais vai me importar. Quando sentir minha falta, grite. Talvez eu volte a te encontrar... Já é tarde para pensar, o que importa agora é o que vou fazer quando o abismo chegar até mim.
Estou perto de cair, o abismo parece sem fim. Estou com medo. Junte-se a mim, vamos pular, talvez descobriremos algo novo. O mar não pode ser tão cruel assim, a mim nada mais importa. Posso até estar louco, mas por favor, não me insista para eu ficar. Preciso de outros olhos, preciso sentir outra vez algo novo. E a cada maravilha que conheço, mais fascinado fico. Suas gigantescas ondas ao longe, quero logo sair daqui. Quero velejar o mundo e conhecer lugares perigosos, com ou sem você. Venha, eu te chamo, venha comigo. Seu medo logo virará prazer, te busco daqui algumas horas, leve somente o necessário. Vem, vamos viajar o novo juntos. Ou então me espere, prometo voltar, talvez em algumas décadas a gente volte a se encontrar, na mesma praia, no mesmo banco de anos atrás. Gosto daqui, mas preciso partir. Já é tarde.
Vou-me embora, minha carona já terá partido quando vier, não me procure. Se ao menos sentir saudade, escreva cartas, mas não envie. Logo te procurarei. Viva outras vidas enquanto não vivermos a mesma. E quando me encontrar, lembre-se daquela promessa que te fiz...
Até logo, minha pequena menina.
Marcus James


Para Bianca
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domingo, 11 de agosto de 2013

Promíscuo


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Te procuro.
Te sinto.
Te abraço.
Te cheiro.
Te perturbo.
Te junto.
Te esqueço.
Olho em tantos olhares e por um momento penso que te encontrei. Te encontrei na mesma casa que um dia te conheci, na mesma cama velha e bonita. Te encontrei nos mesmos olhos que te refletiram, na mesma alma que um dia se vinculou. Mas está quebrado. Está com tantas trincas que meu olhar já não aparece. Com tanta dificuldade, tanto esforço te encontro, num minúsculo pedaço confundo meu olhar com o teu.
Confundo minha risada com a tua, confundo meu gosto com o seu. Me abraço tentando te sentir, sinto teu cheiro se exalando de minha roupa. Vejo seus olhares tristes. Vejo teus sorrisos raros e sinceros. Vejo sua personalidade em mim.
Gasto dias, meses tentando desesperadamente te tirar de mim. Esquecer que um dia grudou em mim. Ficar somente uma madrugada, uma noite bem dormida, um bom sexo sem pensar em você. Mas a inútil pergunta me vem todas as noites, todas as 2h35. Menina, vá para longe de mim, me deixe amar outro corpo sem ser o teu. Esse teu corpo carnívoro! Que me devorava em segundos com apenas um olhar. Que me seduzia por palavras, que me arrastava para lugares impróprios para apaixonadamente fazer amor. Esses teus abraços sinceros. Teus comentários ridículos.
“Porque você se foi, imbecil?” – E hoje... talvez você enfim, desapareça.
Marcus James
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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Capacho


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Faça de mim
Teu escravo
Teu amante
E teu amor

E então, te farei capacho
De um pobre rapaz
E de um coração sem nada.

Me dê tua noite
Mas não me peça a manhã.
Prometo não desaparecer,
Mas também não me apegar.

Desculpe,
As cores dos teus olhos me seduzem,
Tanto.
Mas o passado ainda selvagem
Ainda está aqui.

Te peço, desesperadamente
Um pouco de café.

E um pouco de amor.

          Marcus James
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domingo, 4 de agosto de 2013

Melancolia


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Andava, corria, perambulava... Ou melhor, se encontrava... Entre destroços. Olhava para os lados, nada via. A destruição aparente de seu mundo estava clara diante de seus olhos... O silêncio estremecedor que gemia, o uivo do vento gélido que batia em seu rosto mórbido. Um rosto cheio de cicatrizes encobertas pela maquiagem nova, comprada com o último centavo que lhe restava... Essas cicatrizes vindas de passados mal lembrados. Uma vida cheia de desventuras, inoportuna. Andava de pés descalços com as mãos vazias. Um olhar vazio e um coração ameno. Sentia cada vez mais seu coração palpitar mais devagar. Algo não ia bem, sabia.
Suas mãos estavam geladas como sempre. Seu rosto, pintado de máscaras que usava nos dias rotineiros. Ansiava algo que não sabia sua face. Ouvia vozes que jamais chegaram a quebrar o silêncio que ali se encontrava. Sentia toques... Toques que arrepiava seu corpo. Toques sutis e delicados, sentia um beijo doce... Sentia tudo. E tudo que se era visto por olhos carnais era um simples vendaval. Fechava os olhos e se sentia segura de si mesmo. Encontrava algo dentro de si. Encontrava um refúgio há muito tempo procurado. Encontrava ali seu interior, algo que não sabia definir. Sua paz... Não acreditava nas besteiras de paz interior, religiões e carmas. Não acreditava em quase nada. Acreditava em si, mas somente em certas ocasiões.
A maresia que lhe envolvia a levava fechar seus olhos, procurar este gosto salgado e tranquilo. Os destroços em sua volta mal pareciam lhe importar. O uivo assombrador da brisa cortante que ali passava. A cena era assombrosa.
Um sorriso triste, um sorriso desleal a si mesma. Não permitia-se sorrir por coisas mundanas. Queria-lhe para si. E neste exato momento, decidiu-se a parar de procurar um sorriso. Decidiu-se a viver sem procuras. O tanto que procurara a levara a este lugar. A esta escravidão de suas próprias respostas. "Chega de perguntas, chega de amarguras." pensara.
Foi então que num lapso de meio segundo um pequeno sorriso apareceu... Mal percebera, mas acabara de sentir um toque. E seus olhos se abriram numa cama bonita, um teto pintado com pequenas poesias. E enfim a voz que ouvira a chamou pelo nome. E por fim, sentiu um beijo doce.
Marcus James
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