domingo, 28 de julho de 2013

A última brisa


No mover das ondas em minha frente, na brisa leve que vem de encontro com meus pelos faciais, no odor salgado do mar agitado encontro uma paz tranquila e serena. Longe de tudo, somente deitado numa rede com um livro ou dois, ao fundo uma música de melodia a la Belchior e algumas cervejas para acompanhar. Uma paz que me distraio de tudo que acontece, que consigo por pelo menos algum momento esquecer das coisas do mundo carnal e vadio. Esqueço do meu coração partido e das escolhas que um dia meu eu passado fez e que até hoje pago as consequências. Esqueço dos ventos passados e trago de novo sorrisos em meu rosto enferrujado e mal tratado, aquele rosto que um dia disse que o mundo deveria ser mudado pelo sorriso de um menino. E com todas as pazes que um lugar e um momento trazem, me incomodo com o zumbido de um inseto irritante, que me faz me distrair da leitura e ao olhar para o mar tentando novamente me concentrar, e então lembro de coisas passadas e o estranho sentimento de novo me atinge, me deixando zelar por uma ambição de novo recuperada de águas que já se foram, águas que um dia fizeram com que o o sorriso do menino que iria mudar o mundo desaparecesse e o ódio e o rancor tomassem seu lugar. Águas que partiram um coração, e com o mesmo mutilado fez com que destruísse outros e assim por diante. Um sorriso já não mudou o mundo, e então de outro modo mudou o mundo. Meus olhos queimavam ao visualizar aquela imagem do meu inconsciente, que Froid dizia que nunca esquecemos... Um estranho e sutil ódio de novo veio a tona. Aquelas ondas, aquele Sol quente e luminoso como sempre, na mesma posição, criando uma paisagem efêmera com tons de laranja e rosa, aquela areia fina... Tudo aquilo me trazia paz, mas algo ali me incomodava, naquele momento... Por tudo que já passou, tudo que ainda há de vir... Aquele momento mudaria tudo. Sim ou não, esse era o tempo de decidir, mas nada deixava algo claro, as respostas não tinham tendências. Um não já faria que me encorajasse de percorrer novos caminhos a partir daqui, e o sim... Ah, o sim.... Esse poderia simplesmente me destruir, me aniquilar como uma barata desprotegida... Ou... Ou então voltaria tudo ao normal, tudo como sempre acostumei a ser... E o meu sorriso voltaria, e talvez o mundo mudaria de vez.
Marcus James

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